domingo, 19 de setembro de 2010

Viagens de Sensações - parte 1 - LISBOA "Naquela mesa"

Caminhando pela velha Lisboa, de calçadas de pedrinhas portuguesas reluzentes pelo uso e escorregadias, chegamos ao Café e Restaurante "Martinho da Arcada", frequentado por Fernando Pessoa.
José Saramago - prêmio Nobel de Literatura - também rendeu-se ao encanto do lugar aconchegante, como atestam as fotos nas paredes.

Dentre as fotos, uma me chamou a atenção porque era um poema de Fernando, escrito à mão. Comecei a ler em voz alta, em pé, defronte ao quadro, soletrando algumas palavras quase inelegíveis, quando um senhor que almoçava na mesa abaixo do quadro, recitou o poema inteiro decor. Surpresa, perguntei: "Como o senhor sabe o poema inteiro?", ele me respondeu: "Eu almoço e janto Fernando Pessoa, isso aqui é minha vida". Percebi que era o dono do restaurante. Um português simpático, que morou uns tempos no Rio de Janeiro e estava almoçando para minha surpresa, uma "feijoada"!

Quando pedi licença para me sentar e prosear um pouco, me disse: "Por favor, sente-se naquela mesa de mármore. É ali que Fernando sentava".
Engraçado que só pelo fato de saber que tão ilustres figuras estiveram alí sentados, fui invadida por um sentimento inexplicavelmente gostoso, uma sensação de como estivesse conhecendo um lugar mágico, como um pedacinho do céu...
"Naquela mesa" me sentei, cônscia da abenção por ali estar e deixei-me "estar" e "divagar".
Trio na mesa de mármore
 Graças ao amigo lisboeta João Vieira dos Santos que programou um roteiro logisticamente perfeito, de caminhada pelo Centro Histórico de Lisboa sem muito esforço, findando sabiamente, para nosso deleite, em uma Cervejaria, a "Cervejaria Trindade", primeira cervejaria de Lisboa e para fechar com "chave de ouro", saborear uma cerveja cheia de histórias. Interessante que era um antigo Convento de Freiras e me lembrei de uma frase de Eça de Queiroz, em sua própria terra. Como ele diria, eu e o João estavamos " trocando o Templo pela taverna".
 

Matamos a sede com um pouco de histórias do convento.
Ainda lembrando o grande escritor, que segundo a geometria, a distância mais curta entre dois pontos é uma linha reta, mas que se achar que para ir da "Baixa", até a Cervejaria Trindade me saia mais direito e breve rodear pelo Bar do "Nicola" onde frequentou Eça de Queiroz e Du Bocage, a casa onde nasceu Fernando Pessoa e o "Bar Brasil" de Fernando e JK, declararia à secular geometria -  que a distância mais curta entre dois pontos é uma curva vadia e delirante.

2 comentários:

  1. puxa,mae... um momento cultural... gostei muito do texto alem do que aprendi detalhes pitorescos sobre esses escritores. Obrigada por dividi-los conosco.

    beijao, Line

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  2. ...E eu, aqui, onde o tempo adormece na fasquia da lembrança, recordo todos esses momentos salpicados com o português doce do Brasil da minha amiga Tizuka!
    Um grande beijo,amiga

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